Várzea Paulista comemorou a Semana de Cultura de Paz

Esporte e Lazer - Destaques
Apresentações, palestras e debates marcaram o evento
 
 
A Secretaria de Educação, Cultura, Esportes e Lazer através da Secretaria Adjunta de Cultura realizou na última semana as comemorações da Semana da Cultura de Paz. O objetivo foi utilizar o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro para discutir o respeito às minorias.
 
A data foi dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e contou discussões, palestras e apresentações artísticas. Segundo Tamires de Souza, uma das coordenadoras do evento, a intenção é que a semana seja apenas o início das discussões e do trabalho com o assunto. “Não queremos falar sobre o assunto apenas nessa semana, queremos que seja uma discussão permanente em nossa cidade”.  Ela conta que o tema “Cultura de Paz” foi escolhido para ampliar a discussão, levando em consideração todas as minorias. “Todos podemos lutar por um mundo de paz, e queremos instigar essa discussão em nosso município”.
 
A Semana começou com debates e homenagens 
 
A semana teve início no dia 15 de novembro com o Dia Nacional das Comunidades Tradicionais. Segundo o conselheiro de cultura Valter Alves de Oliveira o objetivo desse primeiro dia foi apresentar um pouco da cultura, das tradições e da religião à sociedade. “Queremos que a sociedade conheça um pouco das tradições. Tomar conhecimento dessas tradições através do diálogo é um embate direto no preconceito e na discriminação”.
 
O primeiro dia também contou com a entrega do troféu da associação FIUTCAB – ações afirmativas contra toda forma de discriminação – alusivo aos 25 anos da associação. “O troféu é sempre entregue em homenagem a pessoas que são importantes no trabalho contra o preconceito e discriminação” conta Valter que também é presidente da associação. 
 
Também no primeiro dia teve início uma exposição com artefatos, banners e livros, fotografias, utensílios e materiais que contam um pouco da história dos negros na sociedade brasileira e da importância para formação do nosso povo. 
 
O segundo dia (16) foi momento de convidar a sociedade civil e os três poderes para uma Roda de Conversa com o tema Promoção da Igualdade Racial. Temas como diretos humanos, violência e preconceito, diversidade religiosa e a implantação da Lei nº 1069 fizeram parte da pauta de discussões. 
 
A debate contou com a presença do prefeito Juvenal Rossi, de vereadores e secretários de Várzea Paulista, além de convidados das cidades vizinhas (Jundiaí, Campo Limpo Paulistas e Campinas).  Uma das presenças de destaque foi do advogado e ouvidor da Prefeitura de Jundiaí Eginaldo Marcos Honório que considerou o encontro muito proveitoso. “Foi uma discussão muito boa, a contribuição de representantes dos três poderes e das religiões são fundamentais para divulgação e valorização da cultura africana e afro-brasileira”.
 
Alunos e professores também participaram das comemorações
 
Na quarta-feira (18) foi vez dos gestores escolares discutirem o assunto. Diretores a coordenadores na Rede Municipal e Estadual assistiram uma palestra ministrada por Marineide Villas Boas. A atividade teve início com apresentação de dois monólogos interpretados pelo ator Adilson Vitorino do AfroVida de Jundiaí.
 
Em seguida a palestrante discursou sobre temas como a implantação da Lei 10639  que versa sobre o ensino de História Afro Brasileira e Africana nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. “A Lei reconhece e valoriza a diversidade e as origens da Cultura brasileira. O Brasil não contempla de forma equilibrada os formadores da cultura e isso precisa ser revisto” ressalta a professora. 
 
Segundo Marineide ainda estamos “engatinhando” no cumprimento da Lei, mesmo depois de 10 anos de existência. “A Lei é fruto das lutas dos movimentos sociais e da comunidade negra. A partir dela o Brasil é obrigado a parar para pensar o preconceito e a discriminação, que existem sim em nossa sociedade”.
 
A professora também relata que a lei também implica em trazer para a escola a valorização das matrizes culturais do país, deixando de ter uma postura “Eurocentrica” e rompendo com padrões discriminatórios. “Quantos exemplos colocamos para nossas crianças negras nas escolas? Quantos heróis negros apresentamos a elas?” questionou a pesquisadora. 
 
Na quinta-feira (19) foi dia de receber os alunos da Rede Municipal para debater o assunto. 100 alunos da escola Carlos de Almeida visitaram a exposição e participaram das atividades dirigidas. Entre as atividades a apresentação do Curta “Vista a minha pele”, seguida de um debate com as crianças.
 
Em seguida o mestre de capoeira Edvaldo Pereira dos Santos, o Bola 7, conversou com as crianças sobre cultura e a origem da capoeira. “Herdamos muitas coisas do povo africano: música, danças, contos, vocabulário e tantos outras coisas importantes”. O professor apresentou às crianças os instrumentos utilizados e algumas das canções, finalizando com uma roda de capoeira e aliou diversão e conhecimento.
 
Para a coordenadora pedagógica da escola Elaine Rueda foi um momento importante para os alunos. “O preconceito é aprendido e o respeito às diversidades também e participando de atividades assim as crianças se tornaram multiplicadores da cultura de respeito”. Ela ressaltou que debates assim com as crianças contribuem e geram empatia. “É importante que se coloquem no lugar do outro, que reflitam sobre como agimos com relação ao outro”.
 
O aluno Júlio César Marques da Silva, de apenas 10 anos, conta que adorou participar das atividades e pôde ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. “Já estudamos na escola algumas coisas sobre a história do dia da consciência negra, sobre os quilombos, mas nunca tinha ouvido sobre a história da capoeira. Foi a primeira vez que participei de uma roda e que joguei capoeira e gostei muito” contou o garoto.
 
 
Finalização teve Roda de Samba e Intercambio Cultural
 
A quinta-feira (19) contou com exposição temática aberta ao público e um Cine Clube que apresentou curtas sobre a temática.
 
Na sexta-feira (20) a noite foi dedicada ao samba. Diversas apresentações de grupos de samba e pagode animaram a noite. As escolas de samba varzinas também puderam apresentar seus enredos do próximo ano para o público. A noite também teve comidas típicas que completaram o clima.
 
No sábado (21) a Semana foi finalizada com o evento intitulado “Tribo sem nome” e um Intercâmbio Cultural que contou com diversas apresentações ligadas ao tema.