Conexões/STEAM: Escola Erich Becker dá um show de arte sustentável, pensamento lógico e soluções criativas

Trabalhos dos alunos expressam a busca por uma escola mais agradável, inclusiva, sustentável, e com menor poluição sonora; projeto integra a parceria entre a Fundação Siemens, USP e Unidade Gestora Municipal de Educação

Papelão, retalhos de madeira, tampinhas de plástico e outros materiais recicláveis embelezam O Cemeb (Centro Municipal de Educação Básica) Erich Becker (Cidade Nova II) e dão o tom do “Eco Experience: Cinco Sentidos em Ação”. Marcado pela arte sensorial, o projeto envolve matemática, pesquisa científica, arte e outras disciplinas, para tornar a escola mais acolhedora, verde, sustentável e com menos ruídos, especialmente para alunos autistas. As atividades integram o projeto Conexões/STEAM, parceria entre a Unidade Gestora Municipal de Educação, a Fundação Siemens e a USP (Universidade de São Paulo).

Idealizado pelas professoras Adriana Rodrigues de Camargo Lopes (Arte) e Ana Carla Negro (Inglês), o Eco Experience tem possibilitado um amplo trabalho com cerca de 90 alunos do Ano IV do Ensino Fundamental, desde maio.  As atividades unem a iniciativa pedagógica da escola para este ano, “Nossa Escola, Nosso Lugar”, voltado a criar um sentimento de pertencimento e o cuidado com o ambiente escolar, à busca por atuar bem nas áreas do STEAM — Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.

Por meio de ações pedagógicas interdisciplinares, o STEAM propõe que os educadores mediem e viabilizem um trabalho de protagonismo dos alunos, pautado pela pesquisa científica, levantamento das demandas da unidade escolar e, por fim, soluções práticas criativas.

Protagonismo estudantil e legado

Segundo as docentes e a coordenadora pedagógica da escola, Joseline Aparecida Câmara do Nascimento, após um trabalho bastante detalhado e planejado, com muita pesquisa, os alunos identificaram, com a mediação das professoras, que o foco deveriam ser as soluções para o ruído alto e a busca por ambientes mais acolhedores e verdes. O som alto é especialmente incômodo para crianças com o transtorno do espectro autista, que às vezes têm até mesmo crises por conta do ruído, decorrentes do desgaste emocional e físico, que também são comuns no restante da comunidade escolar.

Muitas soluções criativas foram encontradas e deixam um verdadeiro legado para a escola. Destacam-se: a medição do volume nos vários ambientes com o decibelímetro e a diminuição do ruído na sala de aula; o cultivo de hortelã e outras plantas em espaços como uma horta suspensa; e as diversas demonstrações artísticas bastante criativas, bem pensadas e belas, que permitem uma experiência interativa, envolvendo os cinco sentidos.

Segundo as servidoras, o engajamento e apoio da escola como um todo e dos pais foi fundamental. “Nós conseguimos envolver a escola toda, desde o pessoal da  alimentação escolar, que guardava as bandejas de maçãs, à busca pelas doações de materiais para os trabalhos, como tampinhas de plástico e garrafas PET”, explica Adriana. “Houve pais que pediram para vir ajudar e autorizaram que as crianças nos ajudassem no contraturno escolar”, complementa Ana.

Na avaliação da professora de Inglês, o trabalho de pesquisa científica e até mesmo de tentativa e erro gerou um aprendizado considerável e permitiu encontrar saídas criativas e duradouras. “Fizemos um amplo levantamento de dados. A comunidade escolar foi consultada para ver como melhorar os ambientes. E já tivemos vários depoimentos apontando que essa questão do barulho já melhorou muito na sala de aula”, explica Ana. “No plantio, elas pensaram em compostagem, balança digital. É um projeto que deixa legado e será contínuo”, afirma.

Para a coordenadora Joseline, foi extremamente gratificante ver como os alunos se encantaram com as atividades e puderam aprender com as tentativas e até mesmo a necessidade de correções, ao longo do percurso. “Esse é um dos aqueles projetos que concebemos desde o início. Por isso, a criançada adora”, comenta. “Quando elas passam pela horta suspensa, amam e querem cheirar as plantas”, exemplifica.

Uma arte repleta de sentidos

Experiente no ensino da Arte, Adriana Rodrigues explicou que todos os trabalhos artísticos envolveram uma série de pesquisas feitas pelos alunos, para o entendimento de como elaborar a arte sensorial, de forma bastante estratégica e planejada. Segundo a servidora, foi possível agregar os conhecimentos matemáticos e da tecnologia e engenharia, para gerar experiências imersivas, de acordo com propostas e decisões tomadas pelos estudantes.

A professora demonstrou uma grande satisfação por ver o resultado do trabalho feito desde o primeiro ano do Ensino fundamental e pela autonomia que os alunos demonstraram para pensar e colocar em prática todo esse conhecimento.

Uma das demonstrações mais claras é a releitura da famosa pintura O Pescador, de Tarcila do Amaral. “Criamos uma instalação artística, que não é uma pintura, apenas. Ela tem todo um trabalho de construção, inteiramente pautado na engenharia, que o projeto exige, na questão matemática etc. Esta obra traz o aspecto sensorial visual; ela é interativa, porque as crianças podem entrar no barco; ela é tátil; ela é auditiva, porque vamos colocar sons de água; e também é olfativa, porque vamos usar um aroma mais natural e gerar a experiência de sentir isso”.

Resultado gratificante

A diretora da escola, Eveli Morelli Faustino, ficou apaixonada pelo resultado. “É muito gratificante, inclusive, ver a participação das crianças, o envolvimento que houve com os alunos aqui na escola, porque as professoras se engajaram no projeto, mas o mais importante foi conseguir trazer para o mesmo engajamento. Não adianta só elas terem a vontade de fazer, se as crianças não participam junto delas. E o maior orgulho da gente é ver o trabalho realizado, é lógico, e saber que as crianças são protagonistas”, explica.

As quatro escolas municipais varzinas participantes do STEAM — Anísio Teixeira, Erich Becker, Professora Juvelita Pereira da Silva e São Miguel Arcanjo — serão representadas por alunos selecionados e professores, na próxima quarta-feira (5), na demonstração dos projetos realizados à Fundação Siemens e USP.