Nos dias 19, 20 e 21 de setembro, a cidade celebra não apenas a beleza das flores, mas também a resistência da natureza e a delicadeza do seu povo

Assim como as orquídeas atravessam o calor escaldante e o frio traiçoeiro sem perder a vida, o varzino também resiste aos tempos — sejam eles bons ou ruins. A Festa das Orquídeas, que terá sua abertura em menos de dois dias, simboliza essa força silenciosa que une planta e gente.
Gerson Calore sabe bem disso. Orquidófilo de gerações, cresceu em meio às plantas e aprendeu a escutá-las. Para ele, as orquídeas não são apenas flores, mas seres que carregam uma inteligência silenciosa.
“Costumo dizer que as orquídeas tem a resistência do homem” – logo em seguida, refez a frase, quase como uma tentativa de dar lugar a grandeza da planta – “quero dizer, o homem é que se assemelha a resistência da orquídea”.
Na Serra do Mursa, conta Gerson, basta que uma orquídea se abrigue em uma árvore para que encontre meios de sobreviver. É capaz de atravessar o verão mais intenso ou o inverno mais rigoroso. Isso porque guarda em seu DNA uma reserva preciosa, uma “gema de resistência” que lhe permite suportar a seca, o fogo ou a tempestade.



Para Gerson, as orquídeas carregam sensibilidade, não pelas pétalas floridas de cores variadas, mas, sim, pela delicadeza pela qual dá a vida, pela maneira como cresce, a sutileza silenciosa da haste floral (como galhos que crescem para sustentar os brotos e as folhas).
Enquanto fala, Gerson sorri com a reverência de quem se encanta diariamente com a vida.
“A orquídea tem regras. Difícil é o homem seguir regras… por isso, tantas vezes ele a mata, sem saber. A planta precisa da umidade do ar para transformar em alimento. Eu mesmo já perdi muitas, até aprender a ouvi-las.”
Ouvir: talvez seja essa a lição. Primeiro, cuidar da raiz. Depois, a planta. Por fim, a flor — não apenas como beleza, mas como órgão de perpetuação da vida. “O homem, mesmo evoluído, ainda não acompanha o ritmo da natureza. Ela já entendeu o percurso, e segue, mesmo diante do desmatamento”, conclui.


Gerson fala ainda do fascínio do cruzamento de espécies. A polinização manual, feita com delicadeza pelo cultivador, transporta o pólen de uma flor para outra, gerando novas combinações genéticas. O processo exige paciência: a cápsula se forma, leva meses para amadurecer e, quando enfim se abre, liberta milhares de sementes microscópicas. Pequenas vidas que, para germinarem, precisam de cuidado e de ambiente seguro.
Assim também é com o povo de Várzea Paulista: atravessando a história, multiplicando-se em resistência e nunca desistindo de florescer. A orquídea, mais do que símbolo da cidade, é o reflexo de sua alma: delicada na forma, mas imensa em força e significados.


Serviço – 18ª Festa das Orquídeas de Várzea Paulista
Data: 19, 20 e 21 de setembro de 2025; entrada gratuita
Local: rua Arnald Gut, nº 1251
Programação musical
Sexta-feira (19/09)
- 10h – Abertura solene e lançamento da Rota Turística das Orquídeas
- 13h – Edvan Antunes (MPB)
- 15h – Marcos Nunes (Viola)
- 18h – Jobson Souza
- 20h – Samuel Sorocabinha (show de abertura)
Sábado (20/09)
- 12h30 – Gah Silva
- 14h – Show Infantil (Cia Rick e Kelly)
- 16h – Tuta Mendes
- 18h – Carol Villa
- 20h – Exalta (show principal)
Domingo (21/09)
- 10h – Aulão de ritmos
- 11h – Grupo Gadaq
- 12h – Mari Meira
- 14h – Nanda Nayad
- 16h – Groove Sensacional
- 18h30 – Katinguelê
- 20h30 – Sociedade Rosas de Ouro (encerramento oficial)
Outras atrações
- Feira Inclusiva e Criativa, Turística e Cultural
- Praça de alimentação com entidades e igrejas locais
- Expositores do Programa Turismo Várzea Paulista.