Primeiro AfroVárzea agita o município

Cultura afro-brasileira tem parte fundamental na construção da nação, por isso é essencial que aconteçam eventos que fomentem essa cultura na cidade

Buscando encerrar a Semana da Consciência Negra com chave de ouro, a Prefeitura de Várzea Paulista, por meio da Cadeira de Promoção da Igualdade Racial e da Unidade Gestora Executiva de Cultura, promoveu no último final de semana a primeira edição do “AfroVárzea”.

O evento começou na sexta-feira (24), com uma palestra de “Letramento Racial” e no sábado (25) o evento continuou na Praça CEU com mais palestras e serviços nas áreas de alimentação, tranças, moda, vestuários acessórios, artesanato, além de troca de experiências, capoeira e muita música.

De acordo com a gestora executiva de Cultura, Renata Câmara, esse evento foi o primeiro de muitos. “O AfroVárzea, foi uma ação muito satisfatória, nosso município tem um histórico de trazer ações nessa temática, já que o mês da consciência negra faz parte do nosso calendário, e quando essa ação foi sugerida por meio da Cadeira de Promoção da Igualdade Racial, nós concordamos. A proposta é fazer com que ela gere muita cultura, arte e empreendedorismo negro para nossa cidade, até porque toda programação foi composta por pessoas daqui da cidade”, ressaltou.

Existir e resistir

A mediadora da roda de conversa, Nany Vieira, comentou que é uma honra participar de ações como essa. “Como mulher negra e professora, tenho buscado fortalecer nossa cultura no espaço escolar, já que a ignorância deve ser combatida com a educação. Ao longo dos anos enfrentei resistências, mas rodas de conversa como essas, falam sobre a importância do respeito. Que esse evento seja o primeiro de muitos”, citou.  

O sacerdote com grande propriedade para introduzir e difundir o culto aos Òrìsà no município, Dênis Tì Ógun, comentou que a luta contra o preconceito contra religiões de matriz africana é muito grande. “A gente precisa lutar contra alguns estigmas e preconceitos, a maior importância é combater o preconceito religioso institucional, e todas as forma de racismo que encontramos, esse problema é educacional, por isso precisamos fazer essas rodas de conversa”, disse.

O Dirigente Espiritual no Terreiro Tenda de Umbanda Cabocla Jaciara e Vovó Inácia, Guga de Almeida, relatou que a educação é a chave de tudo. “As pessoas por falta de educação não participam dos encontros propostos pelos terreiros, por isso temos que vir para encontros como esses para expandir essas conversas, isso daqui é nosso primeiro passo”, relatou.

Luta por um mundo mais igualitário

A escritora Hellen Joyce expôs seu livro no evento e comentou que ações como essa abrem um leque de possibilidades e oportunidades para quem participa. “A gente vive num mundo muito centrado em uma coisa só, então um um evento como esse traz visibilidade e inspiração.”.

O professor de Jundiai, Júnior Arcanjo, participou efetivamente das atividades e comentou sobre a importância do evento. “Debater o racismo religioso dessa forma, torna perceptível o que as comunidades e a fé das pessoas sofrem, por isso é preciso entender que nossa fé é válida, isso demarca a importância desse espaço público onde estão sendo feitas essas conexões, conectando os terreiros e a luta da negritude junto a comunidade”, disse.

A moradora de Várzea Paulista, Alexandra Hilário, é mãe da garotinha de 7 anos, Manuela, conhecida como Manu, que durante o evento trançou seus cabelos. Alexandra citou que eventos como esse trazem empoderamento. “É 100% importante falar sobre essas temáticas e ter eventos como esse no nosso município.  Eu tenho uma filha preta, quero que ela esteja por dentro da cultura dela, por isso é importante ela participar desses eventos”, comentou.