6ª Jornada de Educação será no dia 24 de outubro

O tema abordado nesta edição é “Socializando práticas, compartilhando sonhos, vivenciando possibilidades”

A Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Várzea Paulista, em parceria com a EGDS, Escola de Governo e Desenvolvimento do Servidor, vai realizar no dia 24 de outubro, na CEMEB Profª Palmyra Aurora D´Almeida Rinaldi, a 6ª Jornada de Educação de Várzea Paulista. A edição de 2012 traz a tona o tema “Socializando práticas, compartilhando sonhos, vivenciando possibilidades”- Unindo teoria e prática em favor da modificação da realidade. Ao todo, 50 projetos serão apresentados para os diferentes segmentos da educação.

A supervisora do departamento pedagógico, Mauricéa Bergamo, acredita que a Jornada está se aprimorando a cada ano. “Nesta edição, os trabalhos serão divididos em 12 classes. Nós diminuímos a quantidade de trabalhos para poder ter mais tempo para refletir e debater. Os professores de todos os segmentos podem participar das apresentações dos projetos. Esse diálogo entre os profissionais da educação é um benefício, pois é um tempo que tiramos para refletir acerca das questões que envolvem o processo de aprendizado”.

Além disso, Mauricéa destaca que o evento proporciona visibilidade e valorização das ideias de cada educador ou professor. “A Jornada dá também visibilidade para os trabalhos da escola, valorizando o trabalho dos profissionais que estão vivenciando o dia a dia da escola. Além disso, é realizado num espaço coletivo muito bom, o do CEMEB Palmyra, que oferece um palco grande em que as crianças se sentem a vontade para se apresentarem.”

De acordo com a coordenadora pedagógica da Educação Infantil II, Gabriela Carola, a atividade do calendário educacional do munícipio se caracteriza pela possibilidade de troca de experiências. “A Jornada é uma oportunidade de diálogo entre os professores de diferentes segmentos. Os professores se empenham, fazem seus projetos e podem trocar experiências. O profissional pode ver  no trabalho do outro que os projetos têm valor e dão certo. É um espaço de revigorar as ideias, de gerar uma mudança também no educando”.

Gabriela também afirma que a Jornada de Educação é um espaço de valorização do professor. “Os professores que apresentam projetos se sentem valorizados pela iniciativa. Então, a Jornada representa a valorização dos professores e educadores e também é um espaço para revigorar as ideias de trabalho e incentivo”.

História

A 1ª Jornada de Educação foi realizada em dezembro de 2007, quando educadores, funcionários, mães, pais e alunos da rede municipal acompanharam a cerimônia de certificação das formações em serviço promovidas pela Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer ao longo daquele ano.

Segundo Romualdo Dias, mestre e doutor em Filosofia da Educação, professor do Departamento de Educação do Instituto de Biociências da Unesp/Campus Rio Claro (SP), onde é coordenador também do Laboratório de Estudos em Educação e Políticas Públicas da Unesp, as formações continuadas, atividades desenvolvidas em paralelo com as demais atividades da rotina escolar e que motivaram a Jornada de Educação, tiveram um papel muito importante na rede municipal de ensino. “A formação continuada dos educadores visa promover dentro da própria rede, o reconhecimento dos saberes que eles mesmos produzem, funciona como uma espécie de espelho, é uma oportunidade dos educadores se verem e se reconhecerem.”

Para Dias, a Jornada acrescenta valores ao ensino público municipal. “A Jornada proporciona espaço para que os próprios educadores possam divulgar trabalhos bonitos e preciosos que fazem no silêncio do dia a dia. A produção do conhecimento é realizada no dia a dia da escola, não é livresco. E, dessa maneira, o educador vai se reconhecendo como produtor do conhecimento. E esse é um processo conjunto. A rede atribui valores e criamos uma cultura de reflexão permanente.”

Na 1ª Jornada de Educação, Romualdo era o coordenador das formações do Convênio Unicamp-Unesp, quando 14 cursos foram promovidos e fizeram parte do Programa “Construir o Aprender”, formação continuada para educadores e trabalhadores em educação. “A Universidade neste programa não vem com arrogância, não vem com pacotes prontos e nem como sinônimo de um “saber maior”. A Universidade tem o papel de articular o saber científico e se atenta para promover o encontro do saber do âmbito acadêmico com o saber da rede, dos educadores e das descobertas”, afirma Romualdo.

Por força do convênio, todos os encontros foram registrados como cursos acadêmicos de extensão e certificados pela Unesp. Neste momento, foi adotada também a expressão “Ecologia dos Saberes” para relacioná-la com a prática da Jornada de Educação.

Romualdo explica que o termo adotado foi em decorrência da influência do sociólogo de Coimbra, Portugal, Boaventura de Sousa Santos. “Esse conceito é muito útil pela importância do ambiente que favorece o movimento do pensamento. Esse ambiente depende de uma construção perspectiva, que leva em consideração o ambiente, cultura e trabalho”.

Dias ainda exemplifica a teoria. “Se o ambiente é acolhedor, mais humano, as pessoas se desarmam. Elas se permitem trazer as dificuldades e entrar em contato com as fragilidades, O resultado disso é um trabalho mais humano. Há um compromisso com a criança, não é um compromisso com a plataforma política, mas com o educando. Esse é um princípio que se assemelha também com a definição do escritor Leonardo Boff, atento às palavras “atenção” e “cuidado”, conceitos que traduzem a preocupação com o outro”.

Para o professor,  as atividades de formação são ancoragens e mostram que é possível olhar para dificuldades e precariedades, que fazem parte da natureza humana.“Com as atividades de formação não viemos com um pacote pronto, mas, com um processo de construção coletiva, com o “debruçar” sobre as dificuldades e construir juntos a educação da rede pública. A formação continuada é um trabalho ideológico. E assim compreendemos que cooperar é mais saudável do que competir. As formações ajudaram a alavancar a Jornada de Educação”.

Romualdo conclui que as formações e jornadas fazem parte de um processo positivo, incomparável com outras redes. “Esse processo da Educação aqui em Várzea Paulista, com formações e Jornadas, é muito positivo e não existe em outra rede. Concretizamos aqui a teoria de Paulo Freire do inédito viável, não como palavrório, mas como ousadia”.