Entre os projetos que serão propostos no governo boliviano de Oruro estão a urbanização da Vila Real e o Armazém da Cidadania
A visita de intercâmbio, que reuniu políticos, técnicos e lideranças populares de Várzea Paulista e da cidade de Oruro, localizada ao sul do altiplano boliviano, a mais de 3.700 m de altitude, começou na terça-feira (dia 1º) e se encerrou na quarta-feira (2). O objetivo do encontro foi a troca de experiências, em especial, na área social, onde Várzea tem se destacado com projetos inovadores e pioneiros na região e no Brasil. Integraram o grupo de bolivianos da cidade de Oruro o presidente do Legislativo municipal, Germah Delgado Sanches; a presidenta da Associação de Mulheres, Glória Torres; e a presidenta da Associação de Moradores do Bairro Vila Vista, Marta Vilapando.
Na primeira hora da terça-feira (dia 1º) os grupos se reuniram com o prefeito Eduardo Pereira e o vice Lula Raniero. Além dos visitantes bolivianos, participaram do encontro os secretários das pastas de Desenvolvimento Social, Giany Povoa; de Obras e Urbanismo, Cícero Petrica; e também integrantes da ONG ‘Rede InterAção’ e do grupo de Poupança Comunitária da Vila Real.
O prefeito Eduardo Pereira lembrou a importância das visitas de intercâmbio e dos movimentos populares nas políticas sociais implantadas no governo de Várzea Paulista. “Esta experiência, que nasceu por meio da parceria entre a Prefeitura e a ONG InterAção, resultou no sucesso do processo de urbanização e regularização fundiária da Vila Real e na capacitação dos grupos populares organizados. Esperamos que ações positivas como estas, adotadas em nosso governo, sirvam de referência e possam ser adaptadas à realidade política de Oruro”, incentiva o prefeito Eduardo Pereira.
Para o vice-prefeito, Lula Raniero, estas trocas de experiências servem para amadurecer as relações internacionais e beneficiar as comunidades dos países envolvidos. “Estivemos com lideranças políticas, técnicas e populares dos dois países totalmente focadas na busca de resoluções para seus problemas sociais e ficamos muito felizes ao saber que nossos projetos e programas servirão de base neste processo de novas conquistas das comunidades de Oruro”, comemora Lula.
“Estamos encantados com a política social de Várzea”
Com esta frase a presidenta da Associação de Mulheres da cidade boliviana, Glória Torres, expressou seu contentamento com o que viu e conheceu em visitas feitas às repartições públicas do município e nas reuniões com gestores, núcleos e grupos populares de ação social. “Podemos ver que este governo não só incentiva a participação popular, como investe na capacitação das pessoas para atuarem em suas comunidades. O projeto ‘Armazém da Cidadania’ é de uma importância muito grande e devemos encaminhá-lo como referência de projeto social. Estamos encantados com a política social de Várzea”, elogiou Glória.
Para a presidenta da Associação de moradores de Vila Vista, onde os loteamentos não são documentados e há uma população de maioria mulheres chefes de família, o programa realizado na Vila Real deve ser observado pelo presidente da Câmara de Oruro. “Temos bairros na Bolívia que estão em situações semelhantes à que esteve a Vila Real no passado. A política adotada pela Prefeitura de Várzea Paulista deverá ser um norte para que o governo de Oruro desenvolva um projeto de regularização fundiária e possamos ter o direito proprietário de nossas casas”, disse Marta em tom de esperança.
Vila Real será modelo de projeto em Oruro
O apelo feito pela líder boliviana da comunidade de Vila Vista, em reunião na Vila Real, recebeu toda atenção e apoio do presidente da Câmara de Oruro, Germah Delgado Sanchez, que garantiu levar cópias de documentos legislativos e do programa para apresentar no parlamento local. “Vamos propor às autoridades que acatem muitos pontos que levantamos nestes projetos de Várzea Paulista, sobretudo, o que envolve o direito de propriedade das pessoas pobres de Oruro. Hoje, 45% da população não têm este direito e se foi possível na Vila Real, vamos mostrar que é possível aplicar em Oruro”, comprometeu-se Delgado Sanchez.
O OP e a participação das mulheres
Os bolivianos conheceram também o projeto ‘Nossa Horta’ e se reuniram com a equipe da ‘Participação Popular’. Neste encontro foram trocadas muitas experiências nas ações do Orçamento Participativo e teve a participação do grupo ‘Multiplicadores da Cidadania’, que relatou o processo de mobilização da comunidade para participação no OP. A diferença central entre os modelos aplicados é que em Várzea Paulista o governo estimula e orienta a participação da população, enquanto em Oruro há uma mobilização e uma luta muito forte das comunidades para se fazerem ouvidas pelo governo local.
No encontro com o grupo de mulheres da Prefeitura de Várzea Paulista, elas apresentaram a política nacional para mulheres e sua implantação na cidade. A presidenta da Associação das Mulheres falou da experiência de mobilização e força feminina de Oruros. “Aprendemos pelo sofrimento que não devemos jamais desistir de nossas lutas e ideais. Grande parte de nossas comunidades pobres são compostas de mulheres chefes de família, que constroem suas casas, fazem comida, cuidam dos filhos e se mobilizam sempre, para um dia poder mudar esta história”, projeta Glória Torres.
Ao final da tarde da quarta-feira (02) os bolivianos se reuniram com o vereador Nei Lumes, líder do governo na Câmara de Várzea Paulista.