Pessoas ligadas à emancipação da cidade e outras com trajetórias marcantes participaram de uma roda de conversa promovida pela Unidade Gestora Executiva Municipal de Cultura
O auditório da Praça CEU sediou uma tarde de muito enriquecimento cultural e histórico de Várzea Paulista, realizado pela Unidade Gestora Executiva Municipal de Cultura, na última terça-feira (21). Foram reunidas pessoas que participaram, direta ou indiretamente, do processo de emancipação da cidade, e outras pessoas, moradoras da cidade, que contribuíram para o seu progresso, nas últimas décadas. O conteúdo foi gravado para integrar o acervo da futura Casa da Memória, que será inaugurada em 6 de junho.
Segundo a coordenadora de Patrimônio Cultural, Histórico e Turístico da cidade, Tânia Maura, o encontro buscou unir pessoas que agiram diretamente, ao longo do processo político que tornou Várzea Paulista uma cidade, além de seus familiares, munícipes que viveram aqui antes da emancipação e também ajudaram nisso, e outros que auxiliaram no seu desenvolvimento. Também houve a preocupação de promover uma confraternização e homenagear quem já tem 70 anos ou mais.
Os participantes receberam, inclusive, um certificado, como mais uma homenagem. “É a construção de memórias através da memória coletiva e contínua. Pelas pessoas que estão aqui, pela idade, é um momento único na história. Estamos, de fato, reunindo o ontem e o hoje”, celebrou.
A gestora executiva de Cultura, Renata Câmara fez questão de agradecer o trabalho da coordenadora e demais envolvidos. Claramente feliz, destacou o caráter único da reunião. “É com alegria que recebemos vocês nesta tarde, para a gente prosear e os mais jovens aprenderem um pouquinho mais sobre a história de Várzea Paulista. É por meio da memória de vocês que estamos começando esse trabalho da Casa da Memória. Há muito tempo não temos um encontro deste gabarito”.
Tânia, por sua vez, visivelmente emocionada, resgatou alguns pontos importantes dos primeiros episódios da bonita história da cidade, como a vinda de Edegar de Souza, que se casou com dona Gracinda, constituiu família na cidade e se doou pelo município, chegando até mesmo a doar a primeira máquina de escrever e primeiros móveis, da então salinha da Prefeitura. O distrito de Várzea Paulista, região administrativa que fazia parte de Jundiaí, tinha esse nome como referência ao terreno próximo a ribeiros, plano e baixo, às margens de um rio.
Em 1964, nove varzinos começaram os trâmites para emancipação, junto à Assembleia Legislativa de São Paulo: Antenor Fonseca, Armando Pastre, Benjamin de Castro Fagundes, Farid Feres Sada, Francisco de Assis Andrade, João Aprillanti, Milton Lebrão, Otávio Félix e Victorino Vieira Santana. Todo esse incansável trabalho, repleto de sonhos e determinação, que culminou na emancipação de Várzea Paulista, em 21 de março de 1965.
Lembranças valiosas
O primeiro presidente da Câmara Municipal varzina, Erasto Felix, que dá nome ao plenário da atual casa de leis da cidade, esbanjou a precisão de sua memória, lembrando passagens como as da difícil vereança que exerceu ao lado de colegas como Geraldo Nivoloni, também presente no encontro, entre os anos de 1965 e 1968. Aos 92 de anos de idade, Felix, apelidado carinhosamente de Bimba, leu um poema sobre a relevância de sempre sentir-se vivo e deu detalhes de sua vida na cidade e todo o empenho dos vereadores. “Nós não tínhamos salário nem assessores e enfrentávamos as dificuldades impostas pela ditadura militar”, recordou.
Roquinho, campolimpense de vasta experiência política que participou de reuniões para emancipações de Campo Limpo Paulista e outras cidades da região, destacou a união histórica entre as duas cidades, mesmo antes da emancipação, em cooperações e gentilezas mútuas, atividades religiosas e de lazer, e até mesmo um benéfico e histórico convênio pelo qual Várzea Paulista comprava água tratada de Campo Limpo. Como um gesto cortês do único emancipador presente para selar ainda mais a união, fez questão de abraçar o ex-prefeito varzino José Roberto Aprillanti, o terceiro a exercer esse cargo e filho do primeiro mandatário e um dos emancipadores de Várzea Paulista, João Aprillanti. José foi outro a dar seu depoimento, de forma emocionada.
“Várzea e Campo Limpo Paulista estão unidas desde quando os ingleses deitaram os primeiros dormentes (ferrovias) aqui na região. Nunca nos separamos. Sempre cultivamos uma amizade muito próxima”, lembrou Roquinho
Josué Santana, atual assessor em Assuntos Fundiários e Planejamento Urbano e que já esteve à frente da pasta de Obras de Várzea Paulista, filho de outro emancipador varzino, Victorino Vieira Santana, foi outro personagem relevante presente.
Gildo Cantelli, renomado economista e ex-vereador da cidade, e o ex-prefeito Clemente Manoel de Almeida não puderam estar presentes por questões de saúde.
Outras participações
O gestor municipal de Governo e Administração, João Paulo, de Souza, representou o prefeito, professor Rodolfo Braga, que precisou estar em São Paulo para duas reuniões inadiáveis com o Governo Estadual. Souza também se mostrou emocionado com o peso histórico e a relevância do evento. “A minha fala aqui também é muito pequena diante da grandeza, da história de Várzea Paulista, da contribuição de todos vocês. Mas, como todos já disseram aqui, de fato, é emocionante ver aqui presente a história de Várzea Paulista, pessoas tão importantes que deram a sua contribuição a cada momento da nossa cidade. A gente só sabe para onde vai quando entende de onde veio”, elogiou.
Entre outros, também estiveram presentes o presidente da Câmara, Dr. Eliseu Notário; os vereadores Mauro Aparecido, Elton Vargas, Chico Spinucci e Hulk; o gestor executivo municipal do Gabinete, Flávio Spinucci, o assessor municipal de Relações Parlamentares, João Canna; além do diretor administrativo municipal de Cultura e Turismo, Bruno Fonseca, a assessora municipal para assuntos de Cultura e Turismo, Solange Alexandre de Toledo, Marcia Amorim, e a presidente do CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher), Silvana Ferreira.