Complexo Esportivo e Social no Jardim Promeca vai homenagear Kim Nozaki

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Varzino desde criança, ex-prefeito e ex-vereador sempre demonstrou muito amor pela cidade, que ajudou de diversas formas

 

O Complexo Esportivo e Social a ser inaugurado no Jardim Promeca, dia 10 de novembro, homenageia alguém que participou ativamente de vários momentos varzinos: Kenyty Nozaki, o famoso ex-prefeito e ex-vereador Kim Nozaki. Membro de uma das primeiras famílias do Jardim Promeca, o varzino teve sua trajetória marcada, inclusive quando governou a cidade, pela humildade e amor à família. Em seus 73 anos de vida, o munícipe, que nos deixou em junho de 2018, sempre buscou hábitos muito simples, de forma bastante ligada a seus irmãos, netos, pais, filhos e esposa, a ex-primeira-dama Célia Nozaki.

 

Nozaki, nascido em 6 de novembro de 1944, administrou a cidade de 1988 a 1992 e foi vereador entre 1968 e 1976 (dois mandatos). Quando foi parlamentar, o cargo ainda não era remunerado. “Ele fez isso por amor ao município mesmo”, conta Iris Nozaki, 35 anos, uma das três filhas.

 

Politico, economista e contador aposentado da Prefeitura de São Paulo, pela qual trabalhou por mais de 20 anos, Kim teve atuação importante para o desenvolvimento de Várzea Paulista. Sua gestão como prefeito foi marcada pelo trabalho em saneamento básico e permitiu a conclusão da Estação de Tratamento de Água, no Jardim Mirante; a instalação da Usina de Asfalto da cidade, Ciretran, Delegacia da Mulher, Fórum e Cartório Eleitoral; a implantação da Guarda Municipal e a construção de dois reservatórios de água, que, juntos, têm capacidade de 7.700.000 litros. Em seu mandato, a Prefeitura ganhou seu primeiro estatuto e instituiu o Fussbe (regime de previdência dos servidores estatutários de Várzea Paulista).

 

Apesar de tantos feitos, Kim nunca fez questão de mudar seu jeito simples e humilde, como atestam seus familiares.  “Eu era primeira-dama e pegava ‘busão’ (risos). Ia até a Prefeitura e voltava para casa a pé”, afirma, com muita simplicidade, Célia Nozaki, parceira de Kim por mais de 50 anos (43 anos de casamento e nove de namoro). A motivação de Nozaki não tinha nada a ver com soberba. “O sonho dele era ser prefeito. Assim, poderia trabalhar pela cidade que tanto amava”, revela a filha mais velha, Graciela, 41 anos

 

Os três filhos, Graciela, Júnior e Iris, deixam claro que nunca tiveram regalia alguma por conta do cargo de prefeito exercido pelo pai. Ambos sequer estudaram em escolas particulares. “quando entrei na primeira série, chorava e não queria ficar na escola. Meu pai era prefeito e me levava todos os dias, além de ficar comigo na sala de aula por uma hora, sentado ao meu lado. Fez isso por um mês. Isso destaca como meu pai era humilde e simples, a ponto de, mesmo sendo prefeito, nunca ter deixado de ser realmente quem era. Foi uma pessoa incrível”, lembra Iris.

 

Ao se lembrar de Kim, o filho de 37 anos, que tem Kenyty como primeiro nome, não economiza elogios. “A família Nozaki dá um exemplo muito bonito de união. Nos dias de hoje é muito difícil haver essa união. Quando a vó era viva (Shicae Nozaki, mãe de Kim), íamos à casa dela toda semana, pra jogar bingo e animá-la. Ele nos deixou os valores da humildade — ideia de nunca abrir mão de nosso estilo —, e a honestidade. No meio político, é muito difícil não se corromper. E ele se manteve honesto do começo ao fim”, declara. “Sempre moramos na mesma casa, com o mesmo sofá rasgado”, afirma Iris, 35 anos, recordando com bom humor o fato de a família ter se mantido humilde, independentemente do cargo exercido pelo pai.

 

 

União e drama pessoal

 

Kim sempre curtiu demais a família. Tanta união é reconhecida claramente pelos familiares. A mulher que viveu com ele por mais de 50 anos demonstra muita gratidão. “Foi um excelente esposo, pai, avó. Foi muito bom para os netos. Não há o que falar de ruim sobre ele. Era excelente filho, amoroso para com a família. Humilde, estava sempre com a mãe e os irmãos”, relembra Célia.

 

A filha Iris destaca a grande comunhão vivida por seus familiares. “São sete irmãos muito unidos. Nunca vi uma família assim. Sempre que um precisava, conversava com o outro e se ajudavam”, declara. Até mesmo o pequeno comércio da mãe de Kim era mantido, recentemente, como uma forma de os irmãos darem uma satisfação pessoal a ela. “Era o ‘Armazém da Dona Chica’. Nos últimos anos, a família fazia questão de manter essa vendinha, pois a dona Shicae, nossa avó, gostava bastante de conversar com os clientes”. A ativa vovó faleceu em setembro de 2016, aos 96 anos.

 

Um dos seis irmãos de Kim, Mário Nozaki, engenheiro da Prefeitura varzina há mais de 20 anos, recorda o zelo que o ex-prefeito homenageado tinha pelos parentes. “Como ele era o mais velho, segundo a cultura japonesa, deveria cuidar de tudo, até mesmo as questões de inventário. Ele seguia isso à risca. Tudo era centralizado nele. Tivemos até um pouco de trabalho para levantar certos documentos, como o inventário (risos)”. De acordo com a filha Graciela, por ser reservado, o ex-prefeito provavelmente não dividiu com a família nem mesmo o fato de estar com o coração fraco pouco antes de falecer.

 

Outro aspecto importante da vida de Nozaki foi a religiosidade. Católico praticante, sempre incentivou os filhos a viverem essa religião, participava do movimento católico Cursilho, e chegou a doar materiais para a construção da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, da Vila Popular. Hideyashi Nozaki (tio Chide), 72 anos, um dos seis irmãos de Kim, relembra bem momentos de devoção vividos com ele. “Era um grande companheiro. Durante 13 anos, foi comigo à Aparecida, todo dia 12 de outubro (quando se comemora o Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil)”.

 

Com uma vida muito voltada à família, Kim sofreu um duro golpe quando Jammys, um dos oito netos faleceu com menos de 4 anos, no Japão, em 2008. Naquele ano, Graciela, mãe da criança, fazia uma de suas duas viagens ao país. “A morte desse meu filho abalou muito meu pai, que não se conformava. Era o neto que tinha Kenyty como segundo nome. A vida dele era a família dele: filhos, mulher, netos, irmãos e a mãe”, relembra a filha.

 

 

 

O momento da partida de Kim não foi fácil para Graciela. “Sempre segui o meu pai. Quando ele se foi, perdi meu braço direito. Era um exemplo para mim. Como esposo, foi exemplar. Foi exemplo para nós”.

 

A influência exercida por Kim também ajudou a caçula Iris a prestar um concurso público. A conquista veio em 2004. Após atuar por dez anos pela escola municipal Carlos de Almeida, do Jardim Promeca, ela está há cinco anos na parte administrativa da Unidade Gestora de Educação, na sede da pasta, que fica no Centro. “Meu pai sempre me incentivou a prestar concurso. Por isso, tomei essa decisão”.

 

Outro familiar de Nozaki que está na Prefeitura é o sobrinho Emerson Vieira, hoje diretor de Tecnologia e Informática da Prefeitura. O servidor de carreira trabalha na administração municipal há 30 anos.

 

 

Vida social ativa

 

A família Nozaki sempre foi muito presente e ativa no Jardim Promeca. Kim chegou a ser um dos fundadores do time de futebol Santa Lúcia, na década de 1980. Por muitos anos, acumulou as funções de dirigente e técnico. Também não faltam histórias dos jogos aos quais os irmãos Kim, Mário e Chide iam, após viajar em cima de um caminhão. “Kim jogava muito futebol em várias partes da cidade. Era meio limitado, mas gostava muito de jogar”, recorda Mário, rindo.

 

 

O ex-prefeito também ajudou a tocar um negócio da família, iniciado em 2012: a venda de salgados.

 

A vida simples de Kim também lhe rendeu grandes amizades. O economista e ex-vereador de Várzea Paulista, Gildo Cantelli, uma das principais personalidades varzinas, enalteceu as qualidades de Nozaki, na despedida dele, em junho de 2018. “Era muito amigo meu. Fui vereador pela primeira vez quando ele já iniciava seu segundo mandato, em 1973. Fui vereador durante seu mandato como prefeito. Nossa relação sempre foi amistosa e nossa amizade sempre esteve acima de divergências políticas momentâneas. Ele também foi meu aluno quando lecionei contabilidade pela Faculdade Padre Anchieta. Como ser humano, era nota mil”.