Moradora de Várzea Paulista lembra os primeiros anos da cidade

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Emília Maria Vincentin Gonçalves, de 81 anos, relata que cidade já teve cinema e apenas 40 casas

 

A melhor maneira de conhecer a história de um lugar é conversar com quem vivenciou todo o seu desenvolvimento. Emília Maria Vincentin Gonçalves, de 81 anos, conhece bem a história de Várzea Paulista, já que mora na cidade desde 1944, quando tinha apenas 7 anos.

 

Emília é uma senhorinha simpática, bem disposta e que adora uma boa prosa. Na tarde da última segunda-feira (05), ela recebeu a equipe de comunicação da Prefeitura Municipal em sua casa e relatou suas lembranças da várzea campesina, do pequeno vilarejo que cresceu no entorno da estação e que tinha apenas 40 casas. “Fui criada junto com meus avós, meus pais e meus três irmãos. Erámos uma família grande”, começa ela. “Meu pai fazia telhas e como a cidade tinha muitas olarias, nos mudamos de Leme para Várzea”.

 

A viagem foi de trem, o meio de transporte mais utilizado na época. “A cidade cresceu em volta da estação. Isso tudo era capim barba de bode, onde os burros das olarias pastavam”, conta Emília, se referindo as ruas próximas a Estação Ferroviária. “Onde hoje é o prédio do INSS era a única escola da cidade”, se recorda saudosa. “No cabeçalho da lousa, a professora escrevia ‘1ª Escola Mista da Estação de Várzea’. Eu me lembro bem”, fala. “As professoras vinham todos os dias de trem, de Jundiaí ou Campinas. Lá estudei do primeiro ao quarto ano”, fala a moradora.

 

 

Emília conta, que dos 13 aos 17 anos trabalhou na empresa “Cerâmicas Reunidas Brasil S/A”, prédio onde hoje, está instalado o Paço Municipal. “Depois casei e me dediquei a minha família”.

 

 

Lembranças de uma cidade tranquila

 

“Todos se conheciam, era tudo tranquilo”, comenta a senhora. “Nossa diversão era ir aos ‘bailinhos’ para dançar e ao cinema. Passava filme do Mazzaropi e de faroeste. E romântico também, que eu ia assistir com o meu namorado, que depois se tornou o pai dos meus quatro filhos”, comenta, se referindo a João Gonçalves, que segundo Emília, era mais conhecido como João Português. “A família do meu marido criava gado, frango e cabrito, também vendiam ovos e leite. Todos eram bem conhecidos”, afirma.

 

 

Mas nem tudo era fácil no pequeno vilarejo. “As ruas eram todas de terra e aqui só tinha dois armazéns, um do Manuel Fonseca e outro do Jorge Ferez, quando precisávamos comprar mais coisas, íamos até Jundiaí”, lembra. “Mas o transporte não era fácil, quem não podia ir de trem, ia de bicicleta ou andando. Depois de alguns anos, chegaram os ônibus, mas só passavam três vezes por dia, às 8 da manhã, meio dia e às cinco da tarde”, recorda Emília. “Telefone então, só tinha um no armazém. Naquela época só conversávamos por carta”.

 

Quem te viu e quem te vê

 

Bem humorada, Emília Maria gosta de exclamar, “Quem te viu e quem te vê, Várzea Paulista!”. “Essa cidade cresceu e se desenvolveu. Tenho muitas lembranças boas de tudo que vivi aqui. Agora, tudo é mais agitado e barulhento, mas tenho orgulho de como Várzea Paulista cresceu”, fala a senhorinha sorridente, após servir uma deliciosa xicara de café.