Encontro dá início à criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência

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Reunião realizada na Câmara Municipal debateu as necessidades do grupo e fez a leitura da lei que vai regulamentar o novo órgão
 
 
Na última sexta-feira (20), foi realizada na Câmara Municipal, a primeira reunião para discutir a criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Várzea Paulista. Durante o encontro foi apresentada a proposta lei que vai efetivar a criação do Conselho. De acordo com a organizadora do movimento, Bruna Lenise Masson, o objetivo é representar as pessoas com deficiência diante do governo, além de elaborar, encaminhar e acompanhar a implantação de políticas públicas voltadas a esses cidadãos nas áreas envolvidas. “O Conselho também vai fazer e receber denúncias”, explica. 
 
A atividade contou com a presença do prefeito Juvenal Rossi, que destacou a importância dos conselhos. “Com a formação deste grupo, enxergaremos a questão pela ótica das pessoas que vivem essas necessidades. Nada melhor do que vocês para nos mostrar o que precisa ser melhorado e qual o caminho que a administração pública deve seguir no sentido da inclusão e acessibilidade”, disse. “Que a formação desse conselho seja uma ferramenta vitalícia para nortear os trabalhos da cidade e uma fonte de conscientização para a sociedade!”, desejou o prefeito. 
 
Também participaram da reunião representantes das Secretarias de Saúde, Educação, Cultura e da APAE de Várzea Paulista. 
 
Aprovação
 
Entre os participantes do evento, a expectativa é positiva. Para Maria Otília, a oportunidade de ter seus anseios e necessidades ouvidos é de extrema importância. “Finalmente chegou o momento das pessoas com deficiência terem voz e o assunto começar a ser discutido”, afirma a cadeirante que organizou a primeira Associação dos Deficientes Físicos da cidade. 
 
Para Cássio Vicente da Silva, deficiente visual, o trabalho tem que ser norteado pela persistência. “Essa luta não é fácil, mas não podemos desanimar”, relatou, destacando a importância das pequenas conquistas, como a do acervo em braile da Biblioteca Municipal. “Aqueles livros representam uma grande vitória para os deficientes visuais, são uma porta para o conhecimento e o acesso a informação”. 
 
Criação da lei
 
Durante a reunião foi realizada a leitura do projeto de lei para a criação do Conselho da Pessoa com Deficiência. Segundo Bruna Lenisse, algumas alterações foram apontadas e o projeto voltará para o jurídico da prefeitura, que vai analisar as sugestões. “Ficamos muito satisfeitos com a participação e empolgação das pessoas em poder fazer algo para melhorar nossa cidade, em ter voz e debater a causa das pessoas com deficiência”, relata. 
 
Após as alterações do projeto de lei, a mesma segue para votação na Câmara, para que assim, o Conselho da Pessoa com Deficiência seja criado em Várzea Paulista. 
 
Amor de mãe 
 
A iniciativa de Bruna Lenisse surgiu a partir da necessidade de seu filho de quatro anos Vinícius Ribeiro Masson, que possui paralisia cerebral e dificuldade motora em decorrência de sua prematuridade e complicações no parto. 
 
No início do ano, a criança ingressou na rede de educação infantil, pela qual estudará até os 11 anos. “O parque da escola onde meu filho estuda não é adaptado para suas necessidades”, conta a mãe. “Tomei a iniciativa de buscar um parque adaptado e descobri que se o município tivesse um Conselho da Pessoa com Deficiência seria mais fácil conseguir informações sobre os seus direitos”, relata Bruna. Segundo ela, o país tem uma cultura de que tudo que é feito aos deficientes é um favor. “Mas não é assim. Eles têm seus direitos e queremos fazer esses diretos valerem”, salienta. 
 
Bruna tem outro filho, Guilherme, de oito anos, e o nascimento de Vinícius representou um giro de 360 graus em sua vida. “Ele foi um filho desejado, planejado. Foi difícil quando descobri sua deficiência. Minha primeira pergunta foi: e agora? O que vou fazer?”. Mas a mãe luta para que as dificuldades que ela e o filho enfrentaram e ainda encaram sejam minimizadas. “Passei por um crescimento e amadurecimento muito grande, mudou minha visão de vida”, conta. “Se as pessoas tivessem agido antes, as coisas para o Vinícius seriam mais fáceis. Hoje quero que tudo melhore por ele e pelas outras crianças e famílias que vivem nessa situação”, conclui.