Apresentações culturais e debate sobre racismo marcaram o evento
A Secretaria Adjunta de Cultura recebeu na última quinta (7) o lançamento do livro África: nossa história, nossa gente, do pesquisador e escritor Ademir de Barros dos Santos. O evento aconteceu no Espaço Cidadania e contou com apresentações artísticas, uma roda de conversa com o tema “Autoestima negra e bullying” e sessão de autógrafos do autor.
A roda de conversa foi um diálogo aberto a comunidade com o autor como mediador e a presença da Professora Doutora Rosana Batista Monteiro (da UFSCAR), o mestre de capoeira Edvaldo Pereira dos Santos (Bola 7), Valter Alves de Oliveira (conselheiro de cultura e presidente da associação FUITICAD), Lídia de Lara (diretora da CEMEB Vinícius de Moraes) e José Aparecido Ribeiro (responsável pela Ong AmaGraça).
A Abertura foi realizada pelo prefeito Juvenal Rossi que ressaltou a importância de debater com a comunidade o assunto. Logo em seguida, uma adaptação teatral do poema Navio Negreiro, de Castro Alves, com inserções de capoeira e maculelê chamou a atenção do público. O poema foi interpretado pelo ator e diretor José Moreira da Mota, com a participação do Grupo Capoeira Brasil. “Espero que o evento estimule outras discussões e reflexões sobre a temática” conta Mota.
O secretário de cultura Jota Moreira considera o evento de extrema importância, pois, ele realça a identidade do povo brasileiro, e conta que esse foi mais um passo a fim de enfatizar questões temáticas delicadas como a cultura racial. “Foi importante para deixar claro que Várzea Paulista não está omissa em relação a estas questões. Enfatizamos também a Lei 10639 e sua implantação nas escolas”.
O escritor do livro Ademir de Barros dos Santos ficou satisfeito com a participação do público no evento contou que se sentiu acolhido e abraçado pela cidade. Ele conta que o livro é para a comunidade e por isso a escolha de fazer o lançamento chamando a comunidade para o debate. “Aqui, entre as pessoas, é o meu lugar, e o lançamento não poderia ser feito de forma diferente”. Ele também citou a importância do respeito às diferenças para o crescimento. “Precisamos entender o próximo, o diferente como complementar. Todos somos incompletos e as pessoas são o melhor caminho para aprendermos”.
A professora Doutora Lídia de Lara considerou o momento uma oportunidade de conversar sobre as questões de valorização da cultura afro. “Trouxemos a reflexão aos alunos, professores e a comunidade”.
A professora da rede municipal de ensino, Fabiane Rodrigues de Camargo, considera a iniciativa essencial. “A todo o momento vemos atos de racismo em nosso país e isso precisa mudar”. Ela chamou a atenção para o fato do preconceito e racismo ser dirigido a todos os negros independente do nível econômico ou social.
O aluno Claudio Pereira, da escola estadual Armando Dias também acompanhou com atenção o debate e conta que aprendeu e pôde refletir sobre as questões. “Foi um importante momento para pensar sobre as diferenças culturais e religiosas”.
Valter Alves de Oliveira relembra que a cidade teve uma importante participação nas discussões que deram origem a Lei 10. 639, pois debate o assunto desde 1990, quando foi instituída na cidade a semana da Consciência Negra. “Várzea ganha, com esse evento, mais destaque no que diz respeito ao cumprimento da Lei”. Ele também ressalta que tudo isso só é possível graças ao envolvimento de pessoas que lutam para que a cultura negra seja valorizada na cidade.
Lei 10.639/03
O evento contou com a participação de alunos e professores das escolas municipais e estaduais da cidade. A participação, além de contribuir para formação de nossos estudantes, traz um importante tema de estudo implantado com a Lei 10.639/03.
A Lei versa sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana e ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. Desde que foi sancionada em 2003 o ensino de história afro-brasileira tornou-se obrigatório em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental ao médio.
A Lei propõe novas diretrizes para esse estudo, ressaltando a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
Também com esta Lei foi instituído o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares, assim o dia é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil.