Cultura de Várzea leva folclore para dentro das escolas

Esporte e Lazer - Destaques

Projeto Folclorinhos tem apresentações itinerantes nas escolas de toda a rede municipal de ensino. Crianças aprendem cultura popular brincando

Giovanna, Lucas, Mateus e Maria Fernanda estão acelerados. Junto com os coleguinhas disputam o melhor lugar do chão de grama sintética para ver de perto o show do tio Eufra, realizado na Emei Beatriz de Oliveira Campos. Dizem que ele vai cantar o Cacá quer Caqui. E lá vem ele, com seu chapéu bandeira e o inseparável violão. Em minutos o encontro vira uma grande festa. São cantigas de roda, canções de outrora, trava-línguas. Tudo da melhor qualidade e escolhido a dedo para as crianças das escolas municipais de Várzea Paulista.

Pesquisador da cultura popular, cantador e considerado um dos melhores contadores de causos do país, o baiano Eufraudísio Modesto, que supervisiona o Departamento de Cultura de Várzea Paulista, teve a brilhante ideia de replicar o que acontece nos saraus da cidade dentro das escolas públicas. O sucesso foi estrondoso. Iniciado timidamente em 2010, o projeto ganhou força no boca a boca entre as diretoras. Hoje, a agenda é apinhada de segunda a sexta. “A criançada me vê na rua e pergunta quando vou a escola deles cantar Gabiraba e o Cacá quer Caqui”.

O Projeto, batizado de Folclorinhos, promove as diferentes linguagens da cultura popular, favorecendo o gosto pelo folclore e a linguagem poética através de poesia, causos, trava-línguas, música e muita brincadeira. Para Eufra, as atividades vão muito além do lazer. “É lúdico, mas focado na evolução escolar porque lida com a fala, com o físico e com o intelecto”.

A diretora da Emei Beatriz, Magali Augusto de Souza, afirma que a apresentação reforça o trabalho de musicalização já realizado com as crianças e que as dinâmicas as tornam mais calmas e atentas para os vários ritmos. “O resgate dessas cantigas também tem sido excelente”, garante.

Para o secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Luciano Braz de Marques, a abordagem aproxima as crianças da cultura de uma forma mais prazerosa e descontraída. “Sem dúvida, a escola fica mais alegre convidando as crianças a cantar e resgatar nossa história e origem. É a criação de uma identidade cultural”.

O projeto comprova não somente a importância de estimular o reencontro das crianças com a cultura popular, mas o quanto essa arte lhes toca o coração. “Fico emocionado ao vê-las entoando cantigas de roda do tempo das avós. A cultura e os valores estão todos lá. A gente só vem pra reacender a chama”.

Eufra pergunta quem quer cantar. A manifestação é unânime. Todo mundo quer acompanhá-lo ao microfone. “Quando fazemos o sarau, a fila fica imensa. Querem fazer de tudo. Contar histórias, os hits de sucesso e, claro, as cantigas que ensinamos”.  

Ele antecipa que no segundo semestre deve haver o lançamento oficial da atividade. Enquanto isso, os gestores interessados em receber o Projeto Folclorinhos podem entrar em contato com o Centro de Artes e Cultura na Rua Manoel Gonçalves, 200, Jardim Primavera ou pelo telefone 4595 4080. O evento é gratuito.