Várzea inova políticas sociais com Armazém da Cidadania

Projeto que envolve a Economia Solidária é pioneiro no país e integra cidadania, participação popular e segurança alimentar

 
Maria Lino tem 61 anos e mora há seis na Vila Real. Ela e sua família participam semanalmente das atividades socioeducativas promovidas pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e é uma das beneficiárias na distribuição de alimentos. Agora, a participação dela para a melhoria e implementação de políticas públicas para sua região vale ‘saberes’, moeda social que é utilizada para troca por alimentos nos Armazéns da Cidadania de Várzea Paulista.
Em funcionamento desde o início desta semana, o Armazém traz uma nova proposta de distribuição de alimentos para famílias integrantes dos programas sociais do município.
O Armazém da Cidadania funcionará duas vezes por semana, nos CRAS Norte, Oeste, Central e CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) e será um espaço semelhante a de um mercado, tendo como forma de ‘pagamento’ a moeda social, ‘saber’, que já é utilizada em atividades socioeducativas através do departamento de Economia Solidária.  “É muito melhor do que receber a cesta básica. É como ir ao mercado e comprar só o que eu e minha família precisamos. Não jogo mais nada fora e ainda ajudo minha comunidade”, conta Maria, referindo-se à substituição da cesta básica.
Zélia Cesária Silva,57, moradora da Vila Popular e integrante dos grupos do CRAS Oeste também aprovou a iniciativa. “É uma forma de fazer valer nossa participação e incentivar o desenvolvimento do nosso bairro. Além disso, economizamos levando só o que vamos consumir”, conta.
O programa se baseia também no Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e, através da Secretaria Municipal de Saúde, haverá um acompanhamento da qualidade nutricional na alimentação das famílias mais vulneráveis, supervisionados por uma nutricionista responsável.
“Quando se pensa em Assistência Social, automaticamente as pessoas pensam em cesta básica. Nós mudamos a lógica e oferecemos mais do que isso, oferecemos cidadania e dignidade. A população quer participar das mudanças do seu bairro e através da participação popular, ganham os saberes que são tocados por alimentos”, comenta o prefeito Eduardo Pereira.
Giany Povoa, secretária de Cidadania e Assistência Social, conta que envolver a população em atividades voltadas à Economia Solidária e Participação Popular dá uma nova visão no desenvolvimento das políticas públicas da cidade. “É uma mudança na forma de compreender os direitos e deveres da população. Essa nova maneira de diálogo é um grande avanço”, explica.
Para José Alvo da Silva, 65 anos, morador do Jardim América III e membro da cooperativa de catadores de materiais recicláveis, poder escolher o alimento que vai consumir é muito melhor. “Me sinto mais respeitado, além do que posso pegar itens que antes não vinham na cesta básica, como sabão em pó, papel higiênico e bolachas. Sem dúvida, me incentiva a participar cada vez mais”, finaliza.