As estatísticas são alarmantes: quase 20% das crianças possuem sobrepeso ou obesidade no Brasil. Por este motivo, a Prefeitura de Várzea Paulista traz ao município o projeto ‘Educação Nutricional em Educação Fundamental – Cartilha do Professor’. Criada pela nutricionista Raquel Coelho Sene, responsável pela alimentação dos alunos das escolas municipais e estaduais da cidade, a iniciativa tem por objetivo conscientizar o professor e incentivá-lo a explanar em sala de aula sobre a importância da educação nutricional na infância. “É através desta fase da vida que conseguimos criar hábitos saudáveis, além de observar comportamentos, valorizar o alimento, recuperar tradições e facilitar escolhas saudáveis”, avalia a profissional.
A ideia partiu de levantamentos realizados no ano passado com as estagiárias do curso de nutrição da Unianchieta. A pesquisa diagnosticou que algumas escolas tinham adesão da alimentação escolar abaixo do estabelecido pela Secretaria Municipal de Educação e o índice de massa corpórea (IMC) acima do peso normal. “Há a incidência de 18,6% dos alunos de EMEFs com sobrepeso. Isso pode causar distúrbios como a obesidade precoce, diabetes, hiperlipidemias e doenças coronarianas”, explica.
Atualmente, a cartilha está em sua segunda fase, que consiste na revisão e apresentação do material aos coordenadores pedagógicos e professores. A terceira etapa acontecerá no 2º semestre, com o acesso direto aos docentes. O projeto tem o educador como agente de ligação, devido ao contato diário com os alunos e a possibilidade de criar hábitos por meio de exercícios continuados: “Ele tem a oportunidade de acompanhar as crianças tanto do aprendizado como no momento da alimentação. Esse contato permite desenvolver uma série de comportamentos em relação à alimentação”.
Participação de todos
O papel da escola não exclui a responsabilidade dos pais na hora de montar a ‘lancheira’ dos filhos ou instruí-los sobre as vantagens da alimentação saudável. A família, em conjunto com o professor, tem uma grande importância nesta iniciativa, estabelecendo diálogo e prática. “Muitas vezes o aluno possui o conhecimento adequado, porém não encontra o meio de executá-lo. É importante a colaboração das famílias nesse processo, a fim de obter uma alimentação equilibrada”, diz Raquel.
Em alerta
A preocupação da nutricionista é de que uma criança obesa pouco terá a chance de ser um adulto bem nutrido, pois as células adiposas, até a adolescência, além de aumentarem de tamanho, ainda aumentam em número, o que nunca mais será revertido. Por isso, a conscientização é a melhor arma para combater este mal. “A ideia de que o alimento a ser ingerido hoje será a nossa saúde de amanhã, definirá a nossa forma de viver”.
Entre os cuidados, está a percepção preventiva, ou seja, diagnosticar o sobrepeso sem deixá-lo chegar à obesidade. “O tratamento é mais fácil com reeducação alimentar, sendo necessário incluir frutas, legumes, verduras e fibras diariamente, capazes de regular e estabilizar o nosso organismo”, conclui.